A busca cega e desenfreada por um imaginário de afeto, tem levado muitas mulheres a um discurso problemático e perigoso, que argumenta contra sua própria liberdade.

E, veja bem, não é apenas do prático que estamos falando. É da autonomia de construir uma identidade própria, livre da dependência emocional e do subjugamento machista.

As vezes tentamos nos esquecer do que quatro anos de um governo tão asqueroso nos deixou de herança.

O fato é que vejo pipocar, aos montes, uma triste e desesperada tentativa por segurar uma estrutura que já apresenta rachaduras e anuncia seu desabamento há muito tempo.

Para manter a idealização do amor romântico, convencidas de que o casamento é o único lugar que as cabe no mundo, muitas mulheres se agarram ferozmente aquilo que acreditam ser capaz de salvá-las: a culpa cristã e a sobrecarga de ser a única responsável por “fazer o relacionamento dar certo”.

Não conseguem enxergar que não se trata de viver ou não em um modelo tradicional de vida, mas que as transformações sociais já em curso não tem volta. Já não é possível acreditar que mulheres possam ser mães e esposas mesmo quando isso lhes rouba a autonomia de ser mulher e livre.

E por mais que se negue a chegada das ondas, elas passarão. É melhor mergulhar com ela do que ser levado de supetão e sem entender nada do que está acontecendo.