Danilza Queiroz
1 min readAug 7, 2023

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aqui parece que tem um livro.

mas talvez tenham só palavras que, juntas, formam o desalento da vida.

eu queria mas também eu não queria, escrever.

fiquei pensando nos movimentos dos dedos. você já percebeu que o desprendimento de energia é uma dança?

colocar palavras no papel é uma poesia que todos podem acessar.

aquele dia eu optei por dançar. é por isso que eu parei tudo o que estava fazendo (o que eu estava fazendo?)

dá vida!

dei.

continuei escrevendo e percebi que, em cada movimento ritmado, pensado, mas, ainda assim, único, existia eu.

ninguém escreve como eu, afinal.

ninguém escreve como você.

foi por isso que, quando escrevi, saltaram sentimentos.

aquele dia eu estava em dúvida se era o momento de escrever.

afinal, nem sempre eu estou preparada para ouvir o que a alma tem a dizer.

mesmo assim, arrisquei.

risquei.

a folha em branco foi se desfazendo e foi nascendo, aos poucos, um rascunho de afeto.

me acolhi, me escolhi.

parei tudo o que eu estava fazendo para observar

dentro de mim.

quem é que grita ali?

sou eu ou é o mundo?

o mundo é meu ou eu sou do mundo?

eu só consegui silenciar quando dancei com as palavras.

quando minhas mãos funcionaram no ritmo dos meus pensamentos.

cheguei até aqui só porque aquele dia eu decidi

escrever a minha própria vida

sobre mim.

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Danilza Queiroz

poemizando o que eu ainda não entendi mas consigo sentir