Escreveram sobre mim de um lugar distante. Como se houvesse uma separação no tempo das coisas. Como se eu não fosse eles e eles não fossem eu.
Queriam me ensinar que cultura está apartado de nós, como se pudéssemos ser, sem ela. Como se a história fosse sobre alguém, e não sobre mim.
Que distância toda é essa daquilo que pertenço?
Que lugar é esse de coadjuvante que querem me colocar em minha própria história?
Eu sou a minha história.
Abandono o limbo. Abraço as complexidades de quem eu sou. Quero me sentir acolhida pela minha ancestralidade. Quero caminhar a passos largos de mãos dadas com a proteção de quem veio antes de mim.
Me reconhecer nesse lugar me custou tempo. E tempo também é o sagrado.
Recolho todos os meus pedaços, mesmo aqueles que disseram não ser meus.
Tomo de volta.
Todas as partes de mim.
Porque eu sou feita de muitas histórias, e todas elas são importantes pra me construir.
E eu não quero existir pela metade.
Quando me contaram eu já sabia
eu não devia estar ouvindo,
eu devia estar falando.
Tá na hora, né? Da gente decidir a narrativa.