Danilza Queiroz
1 min readOct 4, 2023

Escreveram sobre mim de um lugar distante. Como se houvesse uma separação no tempo das coisas. Como se eu não fosse eles e eles não fossem eu.

Queriam me ensinar que cultura está apartado de nós, como se pudéssemos ser, sem ela. Como se a história fosse sobre alguém, e não sobre mim.

Que distância toda é essa daquilo que pertenço?

Que lugar é esse de coadjuvante que querem me colocar em minha própria história?

Eu sou a minha história.

Abandono o limbo. Abraço as complexidades de quem eu sou. Quero me sentir acolhida pela minha ancestralidade. Quero caminhar a passos largos de mãos dadas com a proteção de quem veio antes de mim.

Me reconhecer nesse lugar me custou tempo. E tempo também é o sagrado.

Recolho todos os meus pedaços, mesmo aqueles que disseram não ser meus.

Tomo de volta.

Todas as partes de mim.

Porque eu sou feita de muitas histórias, e todas elas são importantes pra me construir.

E eu não quero existir pela metade.

Quando me contaram eu já sabia

eu não devia estar ouvindo,

eu devia estar falando.

Tá na hora, né? Da gente decidir a narrativa.

Danilza Queiroz

poemizando o que eu ainda não entendi mas consigo sentir