eu sempre te vejo forte
é por isso que hoje, me escondo.
as mesmas pessoas que endeusam me ver sempre forte são aquelas que me dizem que preciso aprender a pedir ajuda. mas cultivam bem lá no fundo o sentimento de “queria ser como ela, não precisar de ninguém”, como se isso fosse possível.
“eu te vejo forte o tempo todo e eu quero te ver vulnerável”, ele me disse.
e essa frase me atravessou como um profundo e lento rasgo, desfazendo todas as frestas de estrutura e me tirando do lugar comum de me chicotear, dia e noite.
se eu não consigo ser vulnerável pra você
eu não consigo ser eu.
onde eu estou quando sou forte o tempo todo?
existir por mim e não para suprir as expectativas do outro.
rainha! maravilhosa! — escuto.
não.
eu sou só eu.
e ontem eu chorei sozinha no silêncio do meu quarto. a profunda solidão invade minha mente quase todas as noites.
e se eu posso gritar a mim mesma minhas fragilidades, eu posso também gritar ao outro.
não que eu queira que você me aceite.
não mais.
agora, eu só preciso que você entenda:
é isso aqui que eu tenho pra oferecer.
não preciso ser suficiente pra você.
eu não sou pra mim.
e por isso mudo, todos os dias.
mas eu preciso sentir e me permitir viver também os meus fracassos e as minhas dores. me abraçar.
porque eu também sou isso.
e eu quero existir em totalidade.